Por Biano Paiva
O produtor levanta pela manhã, liga seu computador e tem diversas informações prontas para definir a estratégia de sua plantação: de forma integrada, analisa a produtividade até aquele momento, à medida que recebe previsões do tempo detalhadas para pequenas áreas e informações geográficas de sua propriedade.
Todos esses dados se traduzem nos próximos passos que o profissional deverá seguir, como necessidade de irrigação, previsão de doenças e pragas e relevância de aplicação de agroquímicos, gestão de safra, entre outros.
Esse cenário está próximo de se tornar realidade no Brasil, com a integração de soluções de tecnologia da informação e comunicação (TIC) – uma grande demanda do agronegócio brasileiro. A iniciativa é de um grupo pioneiro, parte da Vertical Agro do Cluster TIC Vale do Parque Tecnológico São José dos Campos. Atualmente, o cluster conta com 25 empresas especializadas no desenvolvimento de soluções de tecnologia da informação e comunicação para o agronegócio.
Observando a demanda dos produtores, quatro associadas de São José dos Campos iniciaram em agosto de 2018 o projeto Fazenda 5.0, em Porto Ferreira, no interior de São Paulo, fruto de uma parceria com a Qualicitrus, empresa especializada na comercialização de produtos para a agricultura. Em uma área de 2.300 hectares, de sete produtores, as parceiras testarão soluções em meteorologia, gestão e agricultura de precisão por meio de informações georreferenciadas. O projeto será apresentado na 5ª RM Vale TI, grande feira de tecnologia e inovação promovida pelo Cluster, que ocorre de 23 a 25 de outubro em São José dos Campos (SP).
Nas áreas de intervenção, são plantados em esquema de revezamento batata, feijão, soja e milho. A ideia é mensurar o impacto da integração das tecnologias no aumento da produtividade e na redução de uso de insumos e de desperdício. “É o primeiro caso no Brasil de integração de soluções para o agronegócio, diz Giane Santos, relações institucionais do PqTec.
As ferramentas das três empresas atuam de forma integrada. A Squitter utiliza seus sensores pluviométricos e meteorológicos e sua plataforma de análise dos dados, que fornecem informações sobre o tempo a cada 6 km2 – em breve, lançará uma solução com informações a cada 3 km2. Isso é fundamental para entender o balanço hídrico da plantação e prever a necessidade de irrigação e a incidência de doenças e pragas típicas do cenário indicado. “Pesquisas desenvolvidas em outras partes do mundo sugerem que esse tipo de solução gere até 30% de economia de água e de energia para a irrigação”, comenta Caio Souza, meteorologista da empresa.
A Kersys contribui com sua plataforma de gestão, por meio da qual é possível gerenciar gastos com insumos, mensurar produtividade e ajustar investimentos. A empresa Agronow entra com um sistema de previsão de produtividade. A Optimus Gis entra na segunda fase do projeto, com sua plataforma de informações georreferenciadas.
O Cluster TIC Vale ainda deve agregar outras empresas associadas ao projeto, especialmente nas áreas de Internet das Coisas, simulação e automação.
Conectar soluções é a grande demanda do produtor
Inovação e tecnologia têm pautado o desenvolvimento do agronegócio do Brasil, um setor fundamental para a economia do país e referência em todo o mundo. É fato que as atividades do campo dependem cada vez mais de soluções digitais, que aparecem por meio da Internet das Coisas, de processamentos de dados e de imagens, do Big Data e de ferramentas de gestão.
O uso dessas tecnologias já está consolidado. A novidade está na integração das soluções, fundamental para que os produtores façam o melhor uso das ferramentas disponíveis e aumente produtividade e mantenha custos e gastos de insumos sob controle.
Isso porque, além de visar lucro, os produtores sabem que também precisam se adequar às previsões de órgãos das Nações Unidas para o planeta. Nos próximos 50 anos, as principais demandas serão água, alimentos e preservação ambiental, o que torna crucial o desenvolvimento de estratégias de produção mais sustentáveis, que visem economia de insumos e maior produtividade em áreas menores.
Pensando nisso, a 5ª RM Vale TI dedica um dia inteiro de seu Congresso de Tecnologia e Inovação às novas soluções para o agronegócio.
Fonte: Julline Silveira/RM Vale TI
Foto: Divulgação
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